Sobre desistir

Desistir. Quem nunca pensou nisso? Uma salva de palmas para os fortes de plantão que sempre têm certezas absolutas. Não sou dessas.
Sou das que erram, que não querem vencer sempre, de quem vê nas fragilidades as melhores oportunidades - e é por isso que não podemos desistir.
Mas eu canso também.

Neste processo de lesão/cirurgia/reabilitação tive sim vontade de parar. Meu tornozelo ficou bom, hoje vejo que muito melhor do que antes. Se eu não dançasse, já tinha recebido alta. Porém, médico e eu concordamos que é possível chegar na melhor forma do pé em movimento. E por isso o processo é longo e dolorido.

Sim, dói. A reabilitação teve e tem momentos que são pura dor. Ninguém tinha me contado. Voltar a dançar dói em tantos aspectos também. Tem dia que é o pé, tem dia que é a cicatriz, tem dia que é o coração.

Nesses eu quis parar. Já tenho 43 anos, cheguei até aqui dançando. “Já está bom.”

Não está. Eu também quero melhorar. Eu quero desistir de desistir. Eu quero ser a melhor versão que eu puder nesta idade, com o que eu tenho e com a minha cicatriz (lembrar de falar disso num outro post).

Hoje não foi um dia bom e não tem nada a ver com meu pé ou com o ballet. Na verdade, os dias têm sido cinzas como o céu de São Paulo em um verão que não aconteceu. E estes dias existirão sempre, -a gente desistindo ou não.

Então façamos da queda um passo de dança, porque lá no fundo, ela ainda deve me fazer feliz.




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