Pas-de-deux Diana e Actéon - a verdade por trás do mito

A história do pas-de-deux Diana e Actéon é uma lenda grega. Em todos os sentidos. Algumas versões sobre sua origem dizem que ele foi coreografado por Marius Petipa, e fazia parte originalmente de sua remontagem do ballet La Esmeralda, de Jules Perrot. Em 1931 Agrippina Vaganova teria recoreografado a peça nos moldes que conhecemos hoje.

Porém, há quem diga que ele nasceu de uma passagem de Le Roi Candaule, um divertissement conhecido como Pas Diane, ou Les Amours de Diane, a partir do Ato IV. Hoje em dia o pas-de-deux Diana e Actéon tornou-se uma peça popular no repertório das companhias de balé, assim como no circuito da competição de ballet, e esse equívoco de suas origens se espalhou a partir do boca-a-boca.

Na versão de Petipa, o Pas de Diane era um pas de caractère baseado em personagens retirados da mitologia grega. O pas original consistia na personagem Diana (ou Artemis), a deusa virgem da caça, o caçador Endymion, um sátiro e oito ninfas. Petipa formou o Pas de Diane como um clássico Pas de Trois - constituído por uma Entrée, um Grand Adagio para os três solistas e oito ninfas (mulheres do corpo de ballet), dança para as oito ninfas e sátiro, variações de Diane e Endymion, e uma Grand Coda.

Em 1931, Agrippina Vaganova teria ressuscitado a versão de 1903 de Petipa, aí sim inserindo-a no relançamento da versão de 1932 de La Esmeralda para o Ballet Kirov. Por razões ainda não totalmente compreendidas, na versão de Vaganova, Endymion foi alterado para Actéon - uma mudança que é bastante incorreta no que diz respeito ao mito real e ao ballet original de Petipa (no mito Actéon lança olhares sobre o corpo da virgem Diana enquanto ela se banha com as ninfas. Como castigo por isso, Diana tira sua fala, acrescentando a condição de que, se tentasse falar, seria transformado em um cervo. Ao seu próprio grupo de caça, ele tenta gritar, e é assim transformado. Seus cães de ataque o matam em seguida).

A nova coreografia de Vaganova aumentou o número de ninfas de oito a doze. Os dançarinos Galina Ulanova e Vakhtang Chabukiani foram os primeiros a realizar nova versão da peça, que foi renomeada como o pas-de-deux Diana e Actéon, um marco importante e repertório de companhias de ballet de todo o mundo (fora da Rússia, a peça é mais frequentemente realizada simplesmente como um pas-de-deux, sem o corpo de ballet), e é a única peça restante do ballet Tsar Kandavl / Le Roi Candaule.



Versão mais comum, com Larissa Lezhnina e a louca do Farukh Ruzimatov :)

Comentários

Anônimo disse…
Francamente, eu não sou palmatória do mundo, e entrei aqui por minha curiosidade natural em relação do mundo do ballet.
Com o que me deparo. Com uma menção desrespeitosa ao grande bailarino Farouk Rusimatov, a quem conheci pessoalmente.
Todos temos o direito de gostar ou não de um artista, mas respeito é bom ao ser humano e todos nós gostamos.
Eliana Caminada
Ana Yazlle disse…
Olá, Eliana. É sempre um prazer ter você como minha leitora. Acredito que o tom com o qual eu tenha me referido ao Farouk não tenha ficado muito claro no meu texto, por isso peço sinceras desculpas a quem tenha achado que fui grosseira. O 'louca' é uma brincadeira dos bastidores, porque o achamos incrível, extremamente artista mesmo, com aqueles pernões e sempre brincamos com isso: lá vem a louca. Mas é claro que o admiramos como bailarino e, principalmente, como o grande artista que é. Tudo na boa mesmo, sem ofensas! Beijo a todos.

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