Balé traz mais benefícios que natação, indica pesquisa

Responda rápido: qual é o esporte mais completo que existe? Se quiser a ajuda do Google, levará 0,25 segundo para receber a resposta. Em média, sete em cada dez páginas da internet apontam a natação.

Parece óbvio, mas uma pesquisa recente mostrou que, na comparação entre a natação e o balé clássico, este apresenta melhores resultados em sete de dez medidas de condicionamento físico. A conclusão é de um trabalho conduzido por Tim Watson, professor de fisioterapia da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido. Ele comparou o condicionamento e o desempenho de membros do Royal Ballet com o de nadadores da seleção olímpica britânica.



Alex Almeida/Folha Imagem
Alunos da professora Zélia Monteiro fazem aula de balé clássico para adultos na Sala Crisantempo, em São Paulo
Alunos da professora Zélia Monteiro fazem aula de balé clássico para adultos na Sala Crisantempo, em São Paulo



"O objetivo não foi dizer qual é a atividade mais completa, mas buscar as diferenças no perfil de condicionamento de cada atividade", contou Watson em entrevista à Folha. "Mesmo assim, apesar de as diferenças terem sido pequenas na maioria dos testes, elas existem e puderam ser medidas", afirma o pesquisador.

A maior surpresa foi no teste que mediu a força de empunhadura (força da mão ao agarrar um objeto), em que os bailarinos se mostraram cerca de 21% mais fortes do que os nadadores. Os praticantes de balé também obtiveram melhores resultados nos testes de flexibilidade e equilíbrio corporal (parado ou em movimento), o que já era esperado.

Os outros quesitos em que os bailarinos se saíram melhor foram salto a distância, salto em altura, porcentagem de gordura corporal e equilíbrio psicológico. Os nadadores ficaram à frente nos aspectos resistência, força nos músculos anteriores e posteriores das coxas e índice de massa corporal.

Para amadores

Rafael Andrade/Folha Imagem
Alunos participam de aula de Jean Marie Dubrul, na academia Sauer Danças, localizada no Jardim Botânico, Rio de Janeiro
Alunos participam de aula de Jean Marie Dubrul, na academia Sauer Danças, localizada no Jardim Botânico, Rio de Janeiro


A pesquisa britânica foi feita com profissionais, mas pode servir para atletas amadores com uma queda para a dança. "O balé é uma forma de fortalecer os músculos sem encurtá-los e de trabalhar várias habilidades, como coordenação motora e equilíbrio, ao mesmo tempo. Esses benefícios da atividade podem ser obtidos por qualquer praticante, profissional ou amador", afirma Zélia Monteiro, bailarina e professora do curso de comunicação das artes do corpo da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.

Monteiro dá aulas de balé para um grupo de adultos na Sala Crisantempo, em São Paulo. Na mesma classe, profissionais de dança dividem a barra com amadores. Vários só começaram a dançar depois de adultos, contrariando a crença de que a atividade só serve para quem começa na primeira infância. "Hoje em dia, nem para profissionais isso é verdade. Não é preciso começar cedo, mas é fundamental que o aprendizado seja bem-feito, com um trabalho de consciência corporal bem fundamentado", pondera Sílvia Geraldi, coordenadora do curso de dança da Universidade Anhembi Morumbi.

O trabalho de consciência corporal e a busca da qualidade do movimento são as chaves para explicar o sucesso das aulas de balé para adultos não-profissionais. As aulas disponíveis ainda não são muitas, mas os locais que oferecem a atividade têm as salas lotadas de alunos bastante empolgados com o tipo de trabalho oferecido e com os resultados obtidos.

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