Barriga chapada com ballet
Eu deveria ter publicado este post há muito mais tempo, mas confesso que hoje, mais do que nunca, ele é importantíssimo para mim. Estou estudando desde já como funcionam e trabalham nossos músculos da região do abdômen, pois sinto que 9 em cada 10 alunas têm dificuldade de trabalhar essa região do corpo - fora que tenho tentado também entender o que se passa com a minha própria anatomia durante a gravidez. Vou tentar ser bem didática, e juntos podemos pensar um pouco mais a respeito.
Segundo o blog Ácido Lático, “os músculos abdominais estão localizados entre as costelas e a pelve na parte anterior do corpo. Os quatro grupos de músculos abdominais se unem para cobrir os órgãos internos.
Eles oferecem suporte ao tronco, permitem movimento e mantêm os órgãos no local regulando a pressão abdominal interna. Eles também realizam uma função muito importante na maioria dos movimentos da coluna, como estabilizadores e motores.
Os quatro principais músculos abdominais são:
Transverso abdominal: é o músculo mais profundo. Sua principal função é estabilizar o tronco e manter a pressão abdominal interna;
Reto abdominal: está fixado entre as costelas e a pelve. Este músculo tem como característica as saliências que são normalmente denominadas como “os seis gomos”. A principal função do reto abdominal é mover a coluna, o gradil costal e a pelve;
Oblíquos externos: estão presentes de cada lado do reto abdominal. Os músculos oblíquos externos permitem que o tronco gire, mas para o lado oposto àquele músculo oblíquo externo que esta contraindo. Por exemplo, quando o oblíquo externo contrai o corpo gira para o lado esquerdo;
Oblíquos internos: estes músculos também estão presentes de cada lado do músculo reto abdominal, mas (como o seu nome diz) estão localizados abaixo dos músculos oblíquos externos. Eles operam de maneira oposta aos músculos oblíquos externos. Por exemplo, para girarmos o tronco para o lado esquerdo requer que o oblíquo interno do lado esquerdo e oblíquo interno do lado direito se contraia juntos.”
Dá pra entender melhor aqui:
E como tudo isso funciona no ballet?
Flávio Sampaio, em Ballet Essencial, explica:
"1) Para uma perfeita preensão abdominal, o bailarino precisa primeiro colocar para baixo as omoplatas, levantando o peito e contraindo levemente o músculo peitoral. Dessa forma, o músculo abdominal é alongado. Depois disso, e só depois, ele contrai as costelas como se quisesse trazê-las em direção ao umbigo, contraindo os músculos oblíquos do abdome.
2) O bailarino nunca deve fechar a parte de cima das costelas (próxima ao esterno), o que levaria ao desencaixe das omoplatas. Ele deve fechar a parte próxima às costelas flutuantes.
3) Atenção! São duas forças que se completam: primeiro colocam-se as omoplatas para baixo e só depois contrai-se o abdome, o que evita que o bailarino se projete para trás.
4) O bailarino precisa sentir que há um círculo de força se fechando ao redor de sua cintura, cerca de dois dedos acima do umbigo. Essa força é produzida pelo "transverso do abdome", um dos músculos que usamos para tossir.
5) Se impulsionarmos as omoplatas para baixo, fecharmos as costelas flutuantes como uma concha para baixo e tivermos o transverso do abdome dando essa sensação de um cordão apertando a cintura, teremos o músculo peitoral projetado para frente e, assim, o grande rombóide (que chamamos de asa) forte, apoiando o braço.
6) Por trás de todos esses encaixes, está o diafragma trabalhando normalmente, subindo e descendo e fazendo uma força de expansão pressionando a parede muscular, o que deixa os músculos abdominais bastante fortalecidos."
Considero o abdômen forte um dos pilares de sustentação do bailarino. Eu mesma tive que aprender a lidar com ele e com minhas costas durante anos, em que meus professores sempre notavam minha costela muito próxima da crista ilíaca. Eu fazia força, mas sem alongar. E quando comecei a pensar em tudo isso, vi um tanquinho aparecer e minha vida mudou (momento comercial da polishop, hahaha).
Bom, mas como tudo que é bom dura o tempo necessário para se tornar inesquecível (rá, tirei essa do caderninho de recordações do colégio), agora estou grávida, várias alunas também estão ou já estiveram e todo mundo se pergunta: o que acontece com nossa pancinha durante uma gravidez?
O nome da maldita é diástase e ela funciona mais ou menos como um zíper que se abre separando a barriga ao meio – e pode ou não acontecer a partir das 20 semanas de gestação.
Segundo a revista Crescer, a diástase “acomete cerca de 30% das mulheres no pós-parto. O termo médico significa que os músculos da parede do abdômen ficaram divididos ao meio, na vertical, a partir da linha do umbigo, depois da gravidez. Mulheres que não fazem exercícios físicos e, assim, não têm o abdômen trabalhado, desenvolvem mais chances de apresentar o problema. Contribuem também hormônios que, na gestação, provocam relaxamento muscular. O diagnóstico pode ser feito com clareza cerca de 45 dias depois da data do parto, com um ultrassom e a avaliação de um fisioterapeuta. Se o afastamento for menor que quatro centímetros, exercícios físicos para a região abdominal revertem a situação em até três meses. Se for maior, é necessária uma cirurgia para unir os lados. Não dá para prevenir a diástase, mas exercícios que fortaleçam a região, como pilates, podem reduzir as chances.”
Ou seja, os músculos da barriga realmente podem ficar abalados depois da gravidez. Conhecer o que existe por dentro ajudará você a saber como sua parede abdominal funciona.
A diástase é razoavelmente fácil de ser identificada alguns dias depois do parto – é possível senti-la apalpando a parede externa do abdômen. Ao fazer isso você vai sentir – ou não - como se um pequeno buraco separasse os dois lados da musculatura.
O bom é que alguns exercícios podem mesmo ajudar a melhorar o conjunto da obra. Eu acredito que o ballet seja fundamental nesse papel – principalmente para quem já praticava.
É que a dança não dá mole para uma barriguinha saliente.
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beijos